o belo existe só
como um mosquito, pousado
na superfície de um lago
e sendo eu o lago,
não o posso apanhar
sem matá-lo
nem posso dizer que ele é o meu mosquito,
o do meu lago,
pois que ele me tem como um
entre tantos outros lagos
tanto faz qual seja
o líquido sustento
de seu nenhum caminho
ele fixa o reflexo
onde quer fixá-lo
e os pântanos por aqui
são vários
e se é belo,
não é por sua anatomia
e não é também
por andar sobre as águas
(isto se chama
"ser bom no que faz")
é belo, sim,
porque não o posso apanhar
embora insista
com as agulhas de suas patas
em suscitar minha superfície,
em retê-la, poça repentina
mais densa
que o centro do centro do lago
Nenhum comentário:
Postar um comentário